sábado, 26 de fevereiro de 2011

Estação Maldita

Por que parou de chover quando cheguei? Mas parei de chover. Eu ontem cabia num guarda-chuvinha que florescia em luto. Os pingos, cada vez maiores, molhavam meus pezinhos. É óbvio. Um pequeno ponto em sua total dimensão não pôde mais se esconder dentro de si, que era uma imensidão de degradê azul. Veja bem: era.
O inverno não acabou, não é mesmo? Eu acho que é essa primavera (doida varrida) que ao invés de dar flores só me tem trazido tempestades. Nem uma garoazinha pelo menos, hein?! Cansa.
Foi exaustivo. Os olhos vermelhos e um óculos de Sol no tempo nublado. Não olhe assim. Nem queira ver o que há por trás destas lentes. Já viu olhos maquilados de uma madrugada fria e senseless? Nem queira ver! Bem que papai me disse: nenhum deles cuida do jardim o tempo todo. Uma hora ele há de morrer. É a primavera, eu disse. Só desejam-no, o jardim, nessa época e depois morrem todos juntos com ela. Mas devem(m) ser a(s) prima(s) Vera também. São tantas... pisoteiam as flores, arrancam-nas sem nem ao menos querer saber os nomes. E todas têm (e muito mais que isso, aliás).
Por falar em flores...
Elas estão cada vez mais escassas. Umas tão bonitas, cheia de cores, mas não cheiram. Ou pior ainda, são de plás-ti-co. Isso mesmo. Tão superficiais, meodeos. Tem gente que gosta. Já as outras, as verdadeiras, nem tão bonitas, quando cheiradas lhe deixam em suprema admiração. E são dessas que eu tenho visto sendo mortas. Pobrezinhas. Mas é como eu disse, essa tal de Primavera ou Prima Vera ou, vou te contar. E agora tem essa do plástico.
Mas me fofocaram agora hápouco: é o Seu Aquecimento Global que está fazendo a cabeça da dona Primavera. Está fazendo cegar os olhos e entrister os jardins.
E eu sou um jardim no meio disso tudo.
É.

Nenhum comentário: