terça-feira, 3 de maio de 2011

O tempo

Como ir assim de encontro às regras mesmo prevendo o resultado?
Negar, lutar, relutar e , no final, doer por continuar a sentir o que agora deveria ser jogado no lixo.
Eram seis horas da noite, mas poderiam ser seis horas da manhã. Olhava aquele imenso tempo rodando na parede. Esfregava lentamente e bruscamente a mão direita no rosto. A mão cuja bondade feita foi abocanhada pela ingratidão. Eram seis horas da noite. Hora da janta, hora das filas, hora das partidas.
Era um dia lindo, então por que de tudo isso? Por que esse nó, esse choro guardado dentro deste sorriso tão sincero? Os olhos através de vidros. Muitos.
Era um dia lindo. Aliás. todos os dias têm sido bonitos. Eram dias corrompidos talvez. Já se passaram horas, dias, semanas, meses e nada. Sempre ali presente a vontade daquele abraço, daquele beijo, daquele calor. Sempre ali. Sempre o mesmo. Mas a cara virava para esquerda e sentia vontade de vomitar. Foram dias negros. Não nublados ou com chuva ou tempestades, mas NEGROS. Era um querer estar ali e não querer estar ali. É um querer estar e não querer estar. O mais novo carma.
Mas era um dia lindo. Eram seis horas. Muitos olhos. muitos vidros, muitas pernas, muita fumaça misturada ao cheiro de jantar, do suor, de good bye, darling. Tudo corria bem. Era só mais um dia em que se pára pra pensar o que não se devia ser pensado porque aí vinham os nós, os choros guardados (que continuariam aí) e os sorrisos.
A moça é bonita. Dentro fora fora dentro dentro fora fora dentro dentro fora fora dentro dentro fora fora dentro dentro fora fora dentro. Todos sabem. E ela sabe que aquela vontade ali presente é para sempre. E dói.
Mas era um dia lindo...

quinta-feira, 31 de março de 2011

Tapa bueiro

Cague este teu coração imundo
Inundado de ódio e rancor
Mostra o teu real ser vagabundo
que um dia teve tanto amor

Fuma o teu fumo da demência
que te fede o cabelo com cheiro de bueiro
embora eu goste disso em excelência
O fumo sujo do teu gosto verdadeiro

Não me confunda com as piranhas do teu Rio
Não tenho beijos falsos assim
Pra te dar,
Fecha os olhos, menino, é noite de cio
Você tem aquilo o que cativa de mim
Hoje eu não vou brincar de ser seu par


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Estação Maldita

Por que parou de chover quando cheguei? Mas parei de chover. Eu ontem cabia num guarda-chuvinha que florescia em luto. Os pingos, cada vez maiores, molhavam meus pezinhos. É óbvio. Um pequeno ponto em sua total dimensão não pôde mais se esconder dentro de si, que era uma imensidão de degradê azul. Veja bem: era.
O inverno não acabou, não é mesmo? Eu acho que é essa primavera (doida varrida) que ao invés de dar flores só me tem trazido tempestades. Nem uma garoazinha pelo menos, hein?! Cansa.
Foi exaustivo. Os olhos vermelhos e um óculos de Sol no tempo nublado. Não olhe assim. Nem queira ver o que há por trás destas lentes. Já viu olhos maquilados de uma madrugada fria e senseless? Nem queira ver! Bem que papai me disse: nenhum deles cuida do jardim o tempo todo. Uma hora ele há de morrer. É a primavera, eu disse. Só desejam-no, o jardim, nessa época e depois morrem todos juntos com ela. Mas devem(m) ser a(s) prima(s) Vera também. São tantas... pisoteiam as flores, arrancam-nas sem nem ao menos querer saber os nomes. E todas têm (e muito mais que isso, aliás).
Por falar em flores...
Elas estão cada vez mais escassas. Umas tão bonitas, cheia de cores, mas não cheiram. Ou pior ainda, são de plás-ti-co. Isso mesmo. Tão superficiais, meodeos. Tem gente que gosta. Já as outras, as verdadeiras, nem tão bonitas, quando cheiradas lhe deixam em suprema admiração. E são dessas que eu tenho visto sendo mortas. Pobrezinhas. Mas é como eu disse, essa tal de Primavera ou Prima Vera ou, vou te contar. E agora tem essa do plástico.
Mas me fofocaram agora hápouco: é o Seu Aquecimento Global que está fazendo a cabeça da dona Primavera. Está fazendo cegar os olhos e entrister os jardins.
E eu sou um jardim no meio disso tudo.
É.

Maldito

Sônia Sônia Sônia
não é
nem mesmo em minha cabeça insana
(cheia de pensamentos)
conseguiria ficar de pé
É raiva, soco, louco
Luz batendo teclado acendendo
Sônia Sônia Sônia
não é
Ta Ta Ta Ta Ta
desejo concedo
a quem tirar ela do meu pé
até! Não é!
Olho aberto
noite toda é certo
só não é o não é